Um Mundo sem Michael Jackson Tem Muito menos Magia (MTV, Julho 2009) MTV, 1º de julho de 2009
Por James Montgomery
Michael Jackson passou aproximadamente 45% de sua vida como um garoto afro de Gary, Indiana, delicado, angelical e abençoado com um dom sobre-natural. Os outros 55%, ele passou como o homem mais famoso do planeta. Isto provavelmente explica tudo sobre ele: suas excentricidades (reais ou imaginadas), sua música, seus triunfos, suas turbulências e, por fim, sua morte. Michael Jackson nunca foi uma pessoa normal; ele nunca teve uma infância normal (seu pai o colocou para trabalhar no negócio da família, o Jackson 5, quando ele tinha 5 anos), e ele seguiu disso diretamente para uma vida adulta excessivamente anormal, vivida diretamente embaixo do brilho de muitos megawatts dos holofotes. Ele viveu e morreu esmagado pela fama.
Eu não estou escrevendo isso para fazer a apologia de Jackson ou explicar as coisas que ele pode ter feito ou não. Eu estou apenas sublinhando o fato de que ele viveu uma vida bastante isolada e, provavelmente, solitária.
Isto me leva ao ponto desta coluna. Mesmo que, na maior parte das últimas duas décadas, Jackson parecia existir somente para o prazer dos tablóides, ao menos ele estava vivo. Tínhamos uma espécie de conforto em saber que o cara que fez Thriller (e Off the Wall e Bad) ainda estava conosco. Parecia que ele nunca morreria, que, de algum modo bizarro, ele era imortal, uma ponte viva entre a música pop do passado e do presente. Ele era uma chama da permanência em tempos cada vez mais volúveis.
Claro, isso tudo acabou na semana passada. Isso significa que, pela primeira vez em aproximadamente quatro décadas, haverá crianças que crescerão sem nem mesmo saber o que é ter Michael Jackson na vida delas. Quando você pára para pensar, isto é incrível, para não dizer que é um pouco triste e assustador.
Porque o que acontece agora que o Rei do Pop está morto? Quem vai embasbacar, maravilhar e engajar a próxima geração de fãs de música agora que ele se foi? Quem fará os vídeos musicais de 18 minutos, ou as mega-turnês ou os concertos que vão derreter as mentes dessas crianças? Quem escreverá as canções pop que farão com que elas riam, chorem e se apaixonem? Quem fará com que elas imitem desajeitadas passos de dança no chão encerado da cozinha ou que elas coloquem uma ridícula luva brilhante para o Halloween? Certamente, algumas pessoas aparecerão, mas elas não serão como Michael Jackson.
A morte de Jackson abriu um buraco do tamanho de gerações no mundo do entretenimento. Um buraco que, tenho certeza que eles concordariam, uma centena de Justins ou Britneys ou Jiggas ou Kanyes nunca preencherão. Esta é a realidade da situação. Nós testemunhamos o fim de algo aqui; algo que nós provavelmente não teremos a capacidade de compreender tão cedo.
Um de meus melhores amigos e a esposa acabaram de ter um menino, 3,5 Kg de maravilha chamada Carlos Antonio Ortiz. Até agora, o pequeno "Los" tem tido uma vida excelente, exceto pela parte em que MJ morreu. Ele só tem 3 semanas de vida, por isso, eu não tive coragem de contar isso a ele ainda, mas, pelo resto de sua vida, ele existirá em um mundo sem Michael Jackson, o que significa basicamente que será tudo ladeira abaixo a partir daqui. Tudo bem, ele terá heróis, pessoas que ele vai imitar e idolatrar, mas nenhum deles será capaz de fazer o Moonwalk, nem mesmo o papai. Sem querer ofender, Jason.
E o triste é que há milhões de Carlos por aí agora. Nascem mais a cada minuto. E, com certeza, suas mães e pais provavelmente vão tocar a música de Michael Jackson para eles, tentarão explicar para eles quem este homem foi e o que ele significou para o mundo. Mas não será a mesma coisa, porque eles não terão um ponto de referência, eles não terão a coisa real. Jackson agora existirá somente em histórias, vídeos e música gravada.
Tudo bem, indubitavelmente, haverá mais álbuns de Michael Jackson no futuro. Músicas inéditas e demos, as gravações dos ensaios da sua maratona de shows no ginásio O2 em Londres, lançamentos póstumos que não terão um centésimo do coração e da alma de She's Out of My Life ou Black or White. É completamente possível que esses lançamentos "novos" apresente uma geração totalmente nova de fãs de sua música e que, na morte, Michael Jackson se torne ainda mais famoso. Embora eu, de algum modo, duvide disso. Para começo de conversa, eu não acho que seja nem mesmo possível ser mais famoso do que MJ é/foi. E, talvez principalmente, porque não há nada como o artigo autêntico. E nunca haverá de novo.
Com certeza, você terá que ficar apenas com minha palavra, Carlos, mas acredite em mim: Michael Jackson não era real. Você nunca saberá o que você perdeu.
Créditos: blog MJ eternamente