O Peixe Que Tinha Sede



Uma noite, um bebê peixe estava dormindo sob alguns corais quando Deus apareceu para ele num sonho. “Quero que saia com uma mensagem para todos os peixes do mar,” Deus disse. “O que devo contar-lhes?” o peixinho perguntou. “Apenas diga a eles que você tem sede,” Deus respondeu. “E veja o que eles fazem.” Depois sem outra palavra, Ele desapareceu. Na manhã seguinte o peixinho acordou e lembrou de seu sonho. “Que coisa estranha Deus quis que eu fizesse,” pensou consigo mesmo. Mas assim que ele viu um grande atum nadando por ali, o peixinho aumentou a voz, “Com licença, mas tenho sede.” “Então você deve ser um tolo,” disse o atum. E com uma desdenhosa batida de sua cauda, ele foi embora. O peixinho se sentiu um imbecil, mas ele tinha ordens. O próximo peixe que ele viu nadando foi um tubarão sorridente. Mantendo uma distância segura, o peixinho chamou, “Com licença, senhor, mas tenho sede.” “Então você deve estar maluco,” respondeu o tubarão. Notando um olhar faminto nos olhos do tubarão, o peixinho nadou para longe rapidamente. Todos os dias ele encontrou bacalhaus, cavalas, peixes-espada e garoupas, mas toda vez que ele fazia seu breve discurso, eles davam-lhe as costas e não teriam nada o que fazer com ele.

Sentindo-se sem esperança e confuso, o peixinho procurou a criatura mais sábia do mar, que era uma grande baleia azul com três cicatrizes de arpões. “Com licença, mas tenho sede!” gritou o peixinho, querendo saber se a baleia o tinha visto, pois ele era pequenino. Mas a sábia parou. “Você viu Deus, não viu?” disse. “Como você sabe?” “Porque eu já tive sede, também” riu a velha baleia. O peixinho olhou surpreso. “Por favor me explique o que esta mensagem de Deus significa,” implorou. “Significa que nós estamos procurando por Ele nos lugares errados,” explicou. “Procuramos por Deus nos altos e baixos, mas de alguma forma Ele não está lá. Então nós O culpamos e dizemos a nós mesmos que Ele deve ter nos esquecido. Ou que nós decidimos que Ele nos abandonou há muito tempo atrás, se Ele esteve sempre por aí.” “Que estranho,” disse o peixinho, “sentir falta do que está em todo o lugar.” “Muito estranho,” concordou a velha baleia. “Não te lembra um peixe que diz ter sede?”

Amor



O amor é uma coisa divertida de ser descrita. É tão fácil sentir e ainda tão escorregadio de se falar. É como uma barra de sabão na banheira – você tem que segurar com força para tê-la em sua mão. Algumas pessoas passam suas vidas procurando por amor fora delas mesmas. Elas acham que elas têm de agarrá-lo para tê-lo. Mas o amor escorrega para longe como aquela barra de sabão molhada.

Agarrar-se ao amor não está errado, mas você precisa aprender como segurá-lo com leveza, com cuidado. Deixe-o voar quando ele quiser. Quando tem permissão para ser livre, o amor é o que faz a vida viva, alegre, e nova. É a seiva e energia que motiva minha música, minha dança, tudo. Enquanto o amor estiver no meu coração, está em todo lugar.

Olhe de Novo, Bebê Foca



Uma das fotografias mais emocionantes da natureza é a de um bebê foca deitado sobre o gelo e sozinho. Tenho certeza de que você viu – a foto parece ser toda olhos, os olhos confiantes e escuros de um animal pequeno observando a câmara e dentro de seu coração. Quando eu olhei para eles pela primeira vez, os olhos abertos perguntaram, “Vai me machucar?” Soube que a resposta era sim, porque milhares de bebês focas foram assassinados todos os anos. Muitas pessoas foram tocadas pelo desamparo do bebê foca. Elas deram dinheiro para salvar as focas, e anúncios públicos começaram a serem feitos. Conforme eu olhava para as fotos, aqueles dois grandes olhos começaram a dizer algo diferente. Agora eles perguntaram, “Você me conhece?” Desta vez eu não senti tanta dor de cabeça como quando eu senti a violência do homem sobre os animais. Mas notei que ainda havia uma grande lacuna.
Quanto eu realmente sabia sobre a vida na terra? Que responsabilidade eu senti por criaturas fora do meu pequeno espaço? Como eu poderia conduzir minha vida de modo que cada célula viva fosse também beneficiada? Cada um que começou a se maravilhar com estas coisas achou, na minha opinão, que seus sentimentos foram se afastando do medo com direção à vida como um todo. A beleza e a maravilha da vida começaram a parecer muito pessoais; a possibilidade de fazer do planeta um jardim para todos nós crescermos começou a surgir. Procurei nos olhos do bebê foca, e pela primeira vez, eles sorriram. “Muito obrigado,” disseram. “Você me deu esperança.” Aquilo basta? Esperança é uma palavra bonita, mas ela muitas vezes parece muito frágil. A vida ainda está sendo machucada e destruída sem necessidade.

A imagem de um bebê foca sozinho sobre o gelo ou uma garota órfã na guerra ainda é assustadora em seu desamparo. Percebi que nada finalmente salvaria a vida na terra além da própria confiança na vida, em seu poder de curar, em sua habilidade de sobreviver nossos erros e nos receber de volta quando aprendermos a corrigir tais erros. Com estes pensamentos em meu coração, procurei na foto de novo. Os olhos da foca pareceram mais profundos agora, e eu vi algo neles que eu não percebi antes: força inconquistável. “Não me machuque,” eles disseram. “Não sou um bebê sozinho. Sou vida, e vida nunca pode ser assassinada. É o poder que me trouxe adiante do vazio do espaço; cuidou de mim e nutriu minha existência contra todos os perigos. Estou seguro porque sou aquele poder. E você também. Fique comigo, e nos deixe sentir o poder da vida juntos, como uma criatura aqui na terra.” Bebê foca, nos perdoe. Olhe para nós novamente e novamente para ver o que estamos fazendo. Aqueles homens que levantam suas clavas sobre vocês também são pais e irmãos e filhos. Eles amaram e cuidaram de outros. Um dia eles extenderão aquele amor para você. Tenha certeza e confie.

Criança de Inocência



Criança de inocência,
Sinto falta de seus dias radiantes
Com alegria pulamos em brincadeiras demoradas

Desde que você deixou a cena
As ruas são solitárias, escuras, e más

Criança de inocência, volte para mim agora
Com seu sorriso simples mostre-os como
Este mundo novamente pode responder ao seu olhar
E os batimentos do coração se agitam ao ritmo de sua dança

Criança de inocência, sua elegância, sua beleza
Me chamam agora além da responsabilidade
Venha e voe comigo para longe e acima
Acima das montanhas na terra de amor

Criança de inocência, mensageira da alegria
Você tocou meu coração sem um truque
Minha alma está em chamas com um fogo flagrante
Mudar este mundo é meu desejo mais profundo

Berlin 1989


Eles odiaram o Muro, mas o que poderiam fazer? Ele era forte demais para se atravessar. Eles temeram o Muro, mas aquilo fazia sentido? Muitos que tentaram escalá-lo foram mortos. Eles desconfiaram do Muro, mas quem não o faria? Seus inimigos recusaram a destruir um tijolo, não importando quanto tempo as conversas de paz se arrastariam. O Muro riu assustadoramente. “Estou te dando uma boa lição,” se gabou. “Se quiser construir para a enternidade, não perca tempo com pedras. Ódio, medo, e desconfiança são muito mais fortes.” Eles sabiam que o Muro estava certo, e quase desistiram. Somente uma coisa os parou. Eles lembraram quem estava do outro lado. Avó, primo, irmã, esposa. Rostos amados sentiam saudades. “O que está acontecendo?”, o Muro perguntou, tremendo. Sem saber o que fizeram, eles olharam através do Muro, tentando encontrar seus queridos. Silenciosamente, de uma pessoa à outra, o amor continuou seu trabalho invisível. “Pare!” o Muro gritou. “Estou caindo.” Mas foi tarde demais. Um milhão de corações se encontraram. O Muro caiu antes de ter descido.

Eu Você Nós



Eu disse que você tinha que fazer isso. Você diz que não queria.Nós conversamos, e concordamos que talvez eu pudesse ajuda-lo.
Eu disse que você estava errado. Você insistiu em estar certo. Nós seguramos as mãos um do outro, e o certo e o errado desapareceram.
Eu comecei a chorar. Você começou a chorar também. Nós nos abraçamos, e entre nós nasceu uma flor de paz.
Como eu amo esse mistério chamado Nós! De onde será que vem isso, do ar? Pensei sobre este mistério e percebi algo: devemos ser o filho favorito do amor, porque até que eu chegue até você, Nós nem está lá. Aparece com asas de ternura: fala através de nossa compreensão silenciosa. Quando eu rio a mim mesmo, Nós sorri. Quando eu te perdôo, Nós dança em alegria. Por isso Nós não é mais uma escolha, não se eu e você quisermos crescer juntos. Nós nos unimos, aumentamos nossa força, isso nos mantém quando eu e você estamos prestes a cair. A verdade é que você e eu já havia desistido há muito tempo, mas Nós não nos permitiu. É muito sábio. “Olhe em seu coração.” Nós diz “O que você vê? Não você e eu, mas somente Nós.”

Criança Mágica ( Parte 1)


Uma vez, houve uma criança e ele era livre
Dentro dele, ele sentiu a alegria
A alegria e brincadeira do júbilo da natureza
Ele não se preocupava com pensamentos sobre o futuro
Beleza, amor, era tudo que ele via.

Ele sabia que seu poder era o poder de Deus
Ele tinha tanta certeza, que o consideraram estranho
Este poder de inocência, de compaixão, de luz
Ameaçou os padres e criaram uma luta
De maneira infindáveis eles agiram para desmanchá-lo
Esta força misteriosa que eles não podiam enfrentar.

De diversas maneiras tentaram destruir
Sua simples confiança, sua alegria sem limites
Sua armadura invencível era um escudo de glória
Nada podia tocá-lo, nenhum veneno, nenhuma vaia.

A criança permaneceu em um estado de graça
Ele não estava confinado em tempo ou lugar
Em sonhos em Technicolor, ele saltita e brinca
Enquanto faz sua parte, em Eternidade ele permanece

Profetas apareceram e sortes são contadas
Alguns eram veementes, outros corajosos
Por denunciar esta criança, essa criatura perplexa
Com o resto do mundo ele não tem comparação
Será real? Ele é tão estranho
Sua natureza imprevisível desconhece extensão
Ele nos embaraça, será que ele é correto?
Qual é o destino dele?

E enquanto sussurravam e conspiravam
Através de infinitos rumores para cansá-lo
Para matar seu encanto, massacrá-lo
Queimar sua coragem, alimentar seu medo
A criança permaneceu simples, sincera.

Tudo que ele queria era que a montanha fosse alta
Colorir as nuvens, pintar o céu
Além destas fronteiras, ele queria voar
Nos planos da natureza, nunca morrer.

Não impeça esta criança, ele é o pai dos homens
Não entre em seu caminho, ele é parte do plano
Eu sou aquela criança, mas você também é
Só que você esqueceu, perdeu a pista.

Dentro de seu coração, se encontra um Profeta
Entre seus pensamentos, ele pode ouvir
Uma melodia simples, ainda maravilhosamente limpa
A música da vida,, tão preciosa, tão querida.
Se você pudesse por um momento conhecer
O brilho da criação, esta luz delicada
Você viria e dançaria comigo
Acender este fogo e veria
Todas as crianças da Terra
Teça a magia e dê a luz
A um mundo de liberdade sem dor
Um mundo de alegria, muito mais são

Dentro de você, você sabe que é verdade
Encontre esta criança que está escondida dentro de você.

Planeta Terra


Planeta Terra, minha casa , meu lugar
Uma caprichosa anomalia no mar de espaço
Planeta Terra, você fica apenas
Flutuando aí, uma nuvem de poeira
Um globo inferior, pronto para se despedaçar
Um pedaço de metal, se tornando enferrujado
Uma pinta de importância eu uma vazia insensatez
Uma solitária nave espacial, um enorme asteróide

Frio como uma rocha sem cor
Unidas com um pouco de cola
Algo me diz que isso não é verdade
Você é minha querida macia e azul
Você se importa, tenha uma parte
Nas profundas emoções de meu coração
Tenro com a brisa carinhosa e inteira
Vivo com música, assombrando

Em minhas veias eu sinto o mistério
Dos corredores do tempo, dos livros de história
A vida canta de épocas vibrando em meu sangue
Tem dançado o ritmo da maré e da enchente
Suas misteriosas nuvens, sua elétrica tempestade

Foram tempestades turbulentas em minha própria forma
Eu experimentei o salgado, o amargo, o doce
De cada encontro, de paixão, de calor
Sua cor desordeira, sua fragrância, seu sabor
Tem emocionado meus sentidos além de toda pressa
Em sua beleza, eu conheço a maneira
Da brisa eterna, deste momento de agora

Planeta Terra, minha casa, meu lugar
Uma caprichosa anomalia no mar de espaço
Planeta terra, você fica apenas
Flutuando aí, uma nuvem de poeira

Um globo inferior, pronto para se despedaçar
Um pedaço de metal, se tornando enferrujado
Uma pinta de importância em uma vazia insensatez
Uma solitária nave espacial, um enorme asteróide
Frio como uma rocha sem cor
Unidas com um pouco de cola
Algo me diz que isso não é verdade
Você é minha querida, macia e azul
Você se importa, tenha uma parte
Nas profundas emoções de meu coração
Tenro com a brisa carinhosa e inteira
Vivo com música, assombrando minha alma

Planeta Terra, gentil e azul
De todo o meu coração, eu te amo.

Asas Sem Mim


Era agosto, e eu estava olhando para o céu. Como uma mão protegia os olhos, vi um falcão voando no ar quente. Cada vez mais alto ele girava, até que depois de um som sobrenatural, ele desapareceu.

De repente, eu fiquei pra trás. “Por quê você foi crescer asas sem mim?” murmurei. Então meu espírito disse, “O modo do falcão não é o único modo. Seus pensamentos são tão livres quanto um pássaro.” Assim, fechei meus olhos e meu espírito decolou, girando tão alto quanto o falcão e além, até que fui tão alto que acabei olhando para o Planeta todo. Mas algo estava errado. Por quê me sentia tão sozinho e frio?

“Você cresceu asas sem mim,” meu coração disse. “ O que a felicidade pode trazer de bom sem amor?” Assim fui silenciosamente até a cama de uma criança doente e cantei a ela uma canção de ninar. Ela pegou no sono sorrindo, e meu coração decolou, unindo meu espírito conforme circulava a Terra. Estava livre e amando, mas ainda assim havia algo errado.

“Você cresceu asas sem mim,” meu corpo disse. “Seus vôos são apenas imaginação. “Assim, li livros que antes ignorei sobre santos em cada época que realmente voaram. Na Índia, Pérsia, China e Espanha (até em Los Angeles!), o poder do espírito alcançou não apenas o coração, mas cada célula do corpo. “Como se fosse carregado por uma grande águia,” Santa Teresa disse: “meu êxtase me levou ao ar.”

Passei a acreditar neste incrível feito, e pela primeira vez, não me senti deixado pra trás. Eu era o falcão, a criança e o santo. Em meus olhos, suas vidas tornaram-se sagradas, e a verdade veio pra casa:
Quando toda a vida é vista como Divina, todos crescem asas.

Mãe Terra


Caminhando pela praia em um dia de inverno, olhei para baixo, vi uma onda trazer uma pena pra areia. Era a pena de uma gaivota suja de petróleo. Eu peguei na mão e senti o óleo escorrendo nos dedos. Não pude deixar de pensar se o pássaro teria sobrevivido. Estava tudo bem por lá? Eu sabia que não.
Fiquei triste em pensar como a gente cuida de nosso lar tão mal. A terra que dividimos não é só uma pedra em meio ao espaço, e sim um ser vivo, cultivado. Ela se importa com a gente, merece nosso cuidado em troca. Temos tratado a Mãe Terra do jeito que as pessoas cuidam de um apartamento alugado. Acaba com tudo e segue em frente.
Mas não tem para onde seguir agora. Trouxemos nos lixo, nossas guerras e nosso racismo para toda parte do mundo. Temos que começar a limpá-la, e isso significa limpar nossos próprios corações e mentes primeiro, porque foram eles que nos fizeram envenenar nosso querido Planeta. Quanto mais rápido mudarmos, mais fácil será para sentir nosso amor pela Mãe Terra e o amor que ela nos dá tão livremente.

Dança da Vida



Não consigo escapar da lua. Seus raios suaves cortam a cortina à noite. Eu nem tenho que ver – uma boa energia azul deita sobre minha cama e fico bem. Eu desço com pressa pelo corredor escuro e abro a porta, não pra sair de casa mas pra voltar à eles. “Lua. Estou aqui!” eu grito.

“Ótimo,” ela responde. “Agora dance um pouco pra gente.”

Mas meu corpo começou a se mover antes de ela dizer isso. Quando começou? Não me lembro – meu corpo sempre esteve se movendo, desde criança eu tenho reagido à lua desta maneira, como seu lunático favorito, não é só dela. As estrelas me puxam, perto o bastante pra que eu veja sua encenação de brilho. Elas dançam também, fazendo um movimento suave molecular que faz meus átomos de carbono pular em tempo.

Com meus braços abertos, eu caminho até o mar, que traz outra dança a mim. A lua dança devagar, e suave com sua sombra azul na grama. Quando a maré sobe, eu ouço o coração da terra, e a sincronia se ajusta. Vejo os golfinhos pularem naquela espuma branca tentando voar, e quase voando com as ondas os levantam para o céu alto. Suas caldas deixam arcos de luz como o plâncton nas ondas. Uma turma de peixes aparece, piscando em prata na luz da lua como uma constelação.

“Ah!” o mar diz, “Agora estamos reunindo uma plateia.”

Eu corro pela praia, chutando as ondas com o pé e desviando delas com o outro. Ouço sons baixos – uma centena de caranguejos assustados cavam seus buracos, só por precaução. Mas estou correndo agora, ora nas pontas dos dedos, ora o mais rápido possível. Jogo minha cabeça pra trás e uma nebulosa diz, “Rápido agora, gire!”

Rindo, abaixando a cabeça pra ter equilíbrio, eu giro o mais rápido que posso. Este é meu favorito, porque contém uma segredo. Quanto mais rápido eu giro, mais parado estou por dentro. Minha dança é movimento, silenciosa por dentro. Assim como amo fazer música, é a música nunca ouvida que nunca morre. E o silêncio é a minha verdadeira dança, apesar de não se mover. Fica de lado, como meu coreógrafo de graça, e abençoa cada movimento.

Eu me esqueci da lua, do mar e dos golfinhos, mas faço parte da alegria deles mais do que nunca. Tão longe quanto uma estrela, tão perto como um grão de areia, a presença sobe, cintilante com luz. Poderia ficar ali pra sempre, é tão amável e quente. Mas toque uma vez, e a luz reluz de repente. Me estremece e agita, e eu sei que é meu destino mostrar aos outros que este silêncio, esta luz, esta benção é minha dança. Eu ganho este presente apenas para dar novamente.

“Rádio, dê!” diz a luz

Como nunca fiz antes, tentei obedecer, inventando novos passos, novos gestos. De repente eu senti onde estava, correndo subindo a colina, a luz do meu quarto está acesa. Começo a sentir meu coração batendo, meus braços sonolentos, o sangue quente me minhas pernas. Minhas células querem dançar mais devagar. “Podemos andar um pouco?” elas perguntam. “Foi uma loucura.” “Claro”. Eu respondi rindo, e diminuindo o passo.
Viro a maçaneta, levemente ofegante, feliz por estar cansado. Rastejando até minha cama, me lembro de algo que sempre tive dúvida. Dizem que algumas estrelas que vemos não estão lá. A luz delas levam milhões de anos pra nos alcançar, e tudo o que fazemos é olhar pro passado, pra momentos mortos quando as estrelas ainda poderiam brilhar. “Então o que uma estrela faz quando para de brilhar?” Eu me pergunto. “Talvez morra.”

“Oh não,” uma voz em minha mente diz. “Uma estrela nunca morre. Apenas vira um sorriso e volta a música cósmica, a dança da vida.” Gostei desse pensamento, o último que tive antes de meus olhos fecharem. Com um sorriso eu volto a música em mim.


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