Documentário sobre Michael Jackson revela, por meio de imagens
emocionantes, os ensaios e bastidores daquele que seria o mais
fantástico dos "shows"Michael Jackson estaria
proporcionando, hoje, um dos mais fantásticos shows da história da
música - com participações especiais da dança, cinema, magia e
tecnologia. É o que mostra "This is It", documentário que foi montado a
partir das 100 horas de registro dos ensaios e bastidores do show que
estrearia, em Londres, no dia 2 de junho - uma semana depois de sua
morte, ocorrida em 25 de junho. O filme, dirigido por Kenny Ortega,
oferece uma visão privilegiada e íntima do artista - um conjunto de
cantor, dançarino, cineasta, coreógrafo e arquiteto da arte. Ou
simplesmente, um gênio.
Kenny Ortega, coreógrafo, produtor e
diretor da série "High School Musical", responsável pela direção do
show, fez as gravações dos ensaios a pedido da Sony. Com competência,
soube registrar a grandeza, a humildade e a capacidade de criação de um
artista como poucos.
O filme não é, na verdade, nem uma
homenagem ou simplesmente um documentário sobre Michael Jackson, mas
uma viagem ao seu mundo. "Não posso me doar tanto, ainda não", diz
Michael, em um dos momentos em que, envolvido pela música e a dança, dá
um carão em si mesmo. "Mas você não tem jeito, Michael", ouve-se a voz
de Kenny. Michael se doava até mesmo nos ensaios.
Um dos
aspectos mais relevantes de "This is It" é a relação de Michael com
seus parceiros - bailarinos, cantores, músicos e o diretor. Exigia, mas
com o tom do pedido, buscando o entendimento e o agradecimento - sempre
utilizando, na ponta da língua, a palavra amor. De vez em quando, após
ser atendido, oferta um "Deus te abençoe". Sem arrogância ou
estrelismo. Tem-se a impressão de que MJ sabia que o seu dom pela dança
e a música era uma oferta, e que, por isso, deveria tratá-la com
sabedoria e humildade.
Nessa viagem intitulada "This is It",
Ortega expõe os profissionais que trabalham com Michael Jackson como
uma extensão sua. Dezenas deles vieram de outros países, movidos pela
chance de conhecer o ídolo e trabalhar ao seu lado. Michael não apenas
é visto no palco como o ídolo, mas como o verdadeiro artista, o homem
totalmente envolvido com a sua criação. Quanto a isso, em vários
momentos vê-se dançarinos e cantores apreciando-o como espectadores,
entre aplausos.
Mas, Michael Jackson não era apenas um astro no
palco. Em determinados momentos, ele para a música, conversa, orienta
os bailarinos, muda os arranjos, pede ao operador de som para reduzi-lo
nos fones de retorno. Como ele quer aquele momento de sua arte.
Momento, também de partilha, como na atuação ao lado da guitarrista
Orianthi Panagaris, quando incentiva-a a tirar tudo de seu instrumento,
dizendo-lhe "este é seu momento de brilhar!".
Michael também
brilha. E parece deslizar e flutuar acima do palco, mostrando-se quase
angelical, seja cantando, conversando e explicando como cada música
deve ser arranjada e tocada. A revelação do cuidado do artista com os
mínimos detalhes e a busca da perfeição são algumas das características
do gênio.
Mesmo sem estar destinado à polêmica, o documentário
está na mira de Los Angeles, principalmente aqueles que acompanharam de
perto as últimas semanas de vida do artista. Denúncias apontam que a
Sony teria "manipulado as imagens" para mostrar um Michael Jackson mais
"saudável", quando na verdade ele estava "esquálido". Sem dúvida, o
filme transmite essa sensação, a qual vai de encontro às notícias dando
conta de um MJ estressado e que dormia à base de remédios.
"This
is It" seria o maior show da música pop em sua história - o filme
guarda, inclusive, surpresas depois dos créditos. O longa, no entanto,
além de fazer o retrato de um artista em seu processo de criação,
transborda de emoção e oferece ao mundo o privilégio de ver Michael em
seu último ato. Os cortinas se fecharam, mas Michael Jackson reina na
imortalidade.